MEMÓRIAS DA FESTA DA PADROEIRA
Hoje, 15 de agosto, o ponto alto da festa da padroeira da minha querida Tocantinópolis, Nossa Senhora da Consolação, várias recordações me levam de volta à minha infância, movida pela fé, cativada pelos bons ensinamentos dos meus saudosos pais.
É impossível separar a minha história dessa tradição. Vim de uma família católica fervorosa e muito presente nas celebrações da igreja. Acompanhei todas as fases da festa: dos leilões grandiosos, animados pelos acordes de Sinézio Galvão, passando pelo sargento Luiz com seu saxofone afinado, até a coroação da rainha e da princesa do festejo. Elas eram entronadas em um palco montado em frente à porta principal da igreja e, em seguida, acompanhadas por um cortejo, rumavam para o clube recreativo, onde acontecia o animado Baile da Rainha.
Recordo-me de histórias sobre os Apinajés, da aldeia São José, que encontraram uma imagem de uma santa. A crença popular conta que, ao ser alfinetada, a imagem sangrava. O próprio pároco, dizem, teria trocado a imagem por outra, de São José, e a levado para Roma.
Outra história que me vem à memória é a do dia em que um boi, amarrado ao lado da mesa do leilão na porta da igreja, avançou sobre um passante. O alvoroço foi grande: muitos fiéis acharam que era uma invasão liderada pelos índios apinajés, que, desde sempre, ameaçavam os padres de que iriam retomar sua imagem e massacrar todos os fiéis presentes. Foi um verdadeiro “Deus nos acuda” dentro da Igreja Matriz, que se encontrava repleta para a celebração do Dia da Padroeira! Hoje, essa cena vive na minha memória como um episódio curioso e bem-humorado. E, em todo 15 de agosto, fica a dúvida: será que os Apinajés ainda mantêm a promessa?
Essas memórias têm para mim um valor tão profundo que é difícil colocar em palavras, mas sinto tudo intensamente. Hoje, o festejo continua com o mesmo fervor, embora com menos tradições daquelas vividas na minha infância. Mas, no 15 de agosto, de onde quer que eu esteja, embalado pela fé e pela esperança, continuo festejando a Virgem da Consolação.
Viva Nossa Senhora da Consolação! Viva os festeiros! Viva Tocantinópolis! Que a padroeira dos lares harmonize nossas famílias e que todos sejamos iluminados por sua divina luz.
José Wagner Praxedes
Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins