Mpox: 1ª paciente infectada por nova cepa do vírus no Brasil recebe alta hospitalar
Mpox, uma doença viral que tem preocupado especialistas em saúde global, ganha um novo capítulo no Brasil. Hoje, 12 de março de 2025, a primeira paciente diagnosticada com o clado 1b da mpox no país recebe alta do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.
A jovem de 29 anos está completamente recuperada após o tratamento, com as lesões características da doença já cicatrizadas. Esse caso marca a chegada de uma cepa mais agressiva ao Brasil, até então inédita por aqui, mas que já causou um surto significativo na República Democrática do Congo (RDC). Vamos explorar o que isso significa, desde o diagnóstico até as implicações para a saúde pública.
O primeiro caso de Mpox clado 1b no Brasil
Tudo começou em 16 de fevereiro, quando a paciente apresentou os primeiros sintomas da mpox. Pouco antes, ela havia recebido a visita de um parente vindo da RDC, onde o clado 1b tem se espalhado rapidamente. Após a confirmação do diagnóstico, a jovem foi internada no Emílio Ribas, um dos principais centros de referência em infectologia do país. A boa notícia é que ela passa bem e, segundo os médicos, as lesões típicas da doença desapareceram, permitindo sua alta nesta quarta-feira.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo agiu rápido. — “Manteremos a vigilância para garantir que se houver outro contato (da primeira paciente com clado 1b) essa pessoa seja rapidamente tratada”, declarou Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças. Até agora, nenhum outro caso da nova cepa foi identificado na capital paulista, e os familiares da paciente, que estão sendo monitorados, não apresentam sintomas. Esse foco na vigilância é essencial para evitar que a doença se espalhe.
O que são as cepas da Mpox e por que elas importam?
Para quem não é especialista, entender o que é uma “cepa” pode parecer complicado, mas vamos simplificar. A mpox é causada por um vírus da mesma família da varíola, uma doença erradicada em 1980. Existem duas linhagens principais: o clado 1, mais comum na África Central (como na RDC), e o clado 2, encontrado na África Ocidental. Em 2022, esses nomes substituíram os termos “Central African clade” e “West African clade” para evitar estigmas regionais. No mesmo ano, a doença também passou a ser chamada de mpox, abandonando o nome “varíola dos macacos”.
O clado 2, mais leve, foi o responsável por um surto global em 2022, especialmente após uma variante chamada 2b ganhar a capacidade de se transmitir por relações sexuais. O Brasil, aliás, registrou o primeiro óbito fora da África por essa cepa. Já o clado 1 é mais preocupante: em sua nova versão, o 1b, identificado em setembro de 2023, ele pode chegar a uma letalidade de 10% e também parece se espalhar pelo sexo. Esse foco em entender as cepas é crucial para prever como a doença pode evoluir.
Como a Mpox é transmitida?
A mpox não é algo que pegamos no ar como um resfriado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão acontece por contato físico com uma pessoa infectada, objetos contaminados (como roupas ou lençóis) ou até animais doentes. Em 2022, o clado 2b surpreendeu ao se disseminar via relações sexuais, o que facilitou sua expansão global. Agora, evidências mostram que o clado 1b também adquiriu essa capacidade, o que acende um alerta vermelho.
Richard Hatchett, diretor executivo da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), já havia alertado em entrevista ao GLOBO: a transmissão sexual pode fazer a mpox se espalhar de forma mais silenciosa e rápida. Isso nos leva a refletir: estamos preparados para lidar com uma doença que evolui assim?
Sintomas da Mpox: como identificar a doença?
Os sinais da mpox são bem característicos, mas podem variar. Geralmente, tudo começa com febre, dores musculares, cansaço e linfonodos inchados – aqueles “carocinhos” no pescoço ou nas axilas. Depois, aparecem as famosas lesões na pele, como bolhas ou erupções, que costumam surgir no rosto e se espalhar para mãos, pés e outras partes do corpo. Quando a transmissão é sexual, essas lesões podem aparecer primeiro nas genitálias, o que às vezes confunde o diagnóstico.
Os sintomas surgem entre 6 e 13 dias após o contágio, mas podem demorar até três semanas. Na maioria dos casos leves, como o da paciente de São Paulo, a recuperação acontece em duas a três semanas sem complicações. Ainda assim, o foco no acompanhamento médico é vital, especialmente com uma cepa mais perigosa como o clado 1b.
Vigilância e prevenção: o que está sendo feito?
A Secretaria de Saúde de São Paulo não está de braços cruzados. Ontem, uma reunião com o Ministério da Saúde discutiu o plano de vigilância contra a mpox no estado. Em 2025, cerca de 150 casos do clado 2 já foram registrados por aqui, mas o clado 1b é uma novidade que exige atenção redobrada. A estratégia inclui rastrear contatos da paciente e monitorar sintomas em pessoas próximas, além de informar a população sobre os riscos.
Esse esforço nos faz pensar: e se mais casos aparecerem? Será que sabemos o suficiente sobre a mpox para evitar um surto maior? A paciente de São Paulo teve sorte de ser tratada rapidamente, mas a letalidade do clado 1b nos lembra que nem todos podem ter o mesmo desfecho.
Fonte: AF Noticias