Por que a OpenAI está oferecendo o ChatGPT ao governo dos EUA por apenas US$ 1?
A OpenAI, criadora do ChatGPT, surpreendeu o mercado ao anunciar que fornecerá sua ferramenta de inteligência artificial para agências federais dos Estados Unidos por apenas US$ 1 por ano. Mas por que uma das empresas mais valiosas do mundo está praticamente dando acesso ao seu produto para o governo norte-americano? A resposta envolve uma combinação estratégica de marketing, posicionamento e influência no setor público.
O acordo foi viabilizado após a Administração de Serviços Gerais (GSA) dos EUA aprovar a OpenAI como fornecedora oficial no novo marketplace de soluções de IA do governo, ao lado de outras gigantes como Google (com o Gemini) e Anthropic (com o Claude). A oferta inclui a versão empresarial do ChatGPT, com recursos avançados de segurança, privacidade e personalização voltados especialmente para uso institucional.
Segundo a própria OpenAI, o objetivo da oferta simbólica não é dominar o mercado, mas sim impulsionar a adoção da IA dentro da administração pública. A proposta foi recebida como parte do plano da Casa Branca de integrar tecnologias emergentes ao cotidiano dos servidores federais. O vice-presidente de governo da OpenAI, Joe Larson, afirmou que o setor privado já adotou a IA amplamente e que o governo não pode ficar para trás.
Embora o preço quase nulo possa parecer um risco para a empresa, a OpenAI está jogando com uma visão de longo prazo. O uso do ChatGPT por funcionários federais pode se tornar um padrão institucional nos EUA, criando dependência tecnológica e um mercado garantido para o futuro, mesmo que os valores subam após o primeiro ano.
Além disso, a empresa está criando uma comunidade exclusiva para servidores, oferecerá treinamentos personalizados e contará com o suporte de consultorias como a Boston Consulting Group e a Slalom. Isso reforça o compromisso em capacitar o setor público para usar a ferramenta de forma eficiente e segura.
Outro ponto importante é a garantia de privacidade. A OpenAI assegura que os dados dos usuários federais não serão usados para treinar os modelos de IA. Também deixou claro que os contratos não exigem renovação automática, mantendo a liberdade de escolha das agências no futuro.
Vale notar que esse acordo não contempla o uso da API da OpenAI, usada por desenvolvedores para criar aplicativos e ferramentas baseadas em seus modelos. O foco é apenas no ChatGPT em sua versão corporativa, acessível por meio do navegador ou aplicativo.
Com cerca de 700 milhões de usuários semanais no mundo todo, o ChatGPT vem se consolidando como uma das ferramentas mais populares de IA generativa. Agora, ao conquistar o setor público dos Estados Unidos com uma oferta irresistível, a OpenAI pode estar plantando as sementes para uma transformação digital massiva no serviço público – e, talvez, abrindo caminho para modelos semelhantes em outros países.
Fonte: Polinvestimento