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PT embarca no governo Laurez com presença no primeiro escalão e mira vaga ao Senado

 O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou seu ingresso institucional na gestão do governador em exercício do Tocantins, Laurez Moreira (PSD), em um movimento que já redesenha o tabuleiro político de 2026. A sigla passa a integrar formalmente o primeiro escalão do governo com um projeto claro: buscar uma vaga no Senado Federal e reconstruir suas bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

O principal símbolo desse “embarque institucional” é a chegada do ex-deputado federal Paulo Mourão (PT) ao comando da Secretaria de Desenvolvimento Estratégico e, simultaneamente, da Companhia de Mineração do Tocantins (Mineratins). Os trâmites administrativos para a nomeação estão em andamento. Pré-candidato ao Senado, Mourão será a principal vitrine do PT dentro da estrutura do governo estadual.

O movimento também passou pelo crivo simbólico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante a inauguração da Ponte de Xambioá, Lula afirmou, na presença de Laurez, ser “a primeira vez que visita um Estado onde o governador vai fazer o L”, gesto interpretado nos bastidores como sinal claro de alinhamento político e abertura de palanque.

Entrada pela porta da frente

A participação do PT na gestão foi selada após encontro entre o presidente estadual da sigla, Nile William, e Laurez Moreira, no último domingo. O acordo foi avalizado pela Executiva Estadual na terça-feira (02/12). A direção partidária faz questão de destacar que o PT entra “pela porta da frente”, em uma aliança construída institucionalmente, e não por meio de liberações individuais de filiados.

Além de Paulo Mourão, o PT deverá indicar outros dois nomes: a vereadora Thamires, do coletivo Somos, é cotada para a Secretaria da Igualdade Racial, enquanto o ex-senador Donizeti Nogueira é o nome mais citado para a Representação do Estado em Brasília.

Segundo o presidente estadual do partido, todas as participações petistas no governo serão indicações formais da legenda. “Não se trata de ocupações isoladas. O partido entra no governo como instituição, com estratégia política e eleitoral bem definidas”, reforçou.

Mineratins como eixo do projeto

A entrada do PT inaugura uma nova fase na montagem da equipe de Laurez. Ao comentar a missão, Paulo Mourão afirmou que assume o desafio com “respeito e responsabilidade” e defendeu que a Mineratins volte ao centro da política econômica. Segundo ele, a estatal possui “potencial nacional elevado”, mas historicamente nunca recebeu tratamento de política de Estado.

O ex-deputado disse que pretende atuar para evitar a dispersão das riquezas minerais por interesses privados e transformar esses ativos em patrimônio permanente do povo tocantinense. Na avaliação de Mourão, a mineração pode ser instrumento de desenvolvimento, equilíbrio fiscal e inclusão social.

“Vamos integrar o governo de forma respeitosa. A Mineratins pode ancorar um novo ciclo de desenvolvimento. Esse é o desafio que aceitei”, declarou. Ele também defende que a atividade mineral ajude, inclusive, no reequilíbrio financeiro do Igeprev.

Prioridade no Senado e retomada das bancadas

Internamente, o PT trata a aliança com Laurez como peça central da estratégia para as eleições de 2026. A prioridade é viabilizar a candidatura de Paulo Mourão ao Senado Federal. Paralelamente, o partido trabalha para reestruturar suas chapas proporcionais com o objetivo de voltar a eleger deputados estaduais e federais.

Nas eleições de 2022, o PT não conseguiu eleger nenhum parlamentar no Tocantins, fato que acendeu um alerta interno sobre a necessidade de reposicionamento político.

Manifesto do Bico pressionou mudança de rota

A decisão de entrar no governo ocorre após forte pressão das bases da sigla. No início de dezembro, a União de Diretórios e Comissões Provisórias do PT do Bico do Papagaio divulgou um manifesto defendendo abertamente a construção de alianças para garantir competitividade eleitoral.

O documento apontou que disputar eleições de forma isolada levaria o partido ao “ostracismo político” e defendeu, de forma explícita, a pré-candidatura de Paulo Mourão ao Senado. O texto também relembrou que todas as vitórias do presidente Lula ocorreram por meio de amplas coalizões.

Paulo Mourão como nome de consenso

No manifesto, Paulo Mourão é apresentado como um nome capaz de unificar as tendências internas do PT e dialogar com diferentes campos políticos. O texto relembra seus quatro mandatos como deputado federal, a passagem pela Prefeitura de Porto Nacional e o desempenho na disputa ao governo em 2022, quando obteve 10,64% dos votos – a maior votação já alcançada por um candidato petista ao Palácio Araguaia.

Assinado por lideranças como Célio Moura, Itamar Bandeira, Valdo Rosário, Francinete Barroso, Judith Oliveira, entre outros, o documento ampliou a pressão para que o PT deixasse a posição de isolamento e voltasse ao centro das articulações políticas estaduais.

Novo arranjo para 2026

Com a entrada institucional do PT na gestão Laurez, a configuração política do Tocantins passa por um novo rearranjo. Para o governador em exercício, o movimento amplia a base e fortalece sua projeção eleitoral. Para o PT, representa a chance concreta de voltar ao jogo majoritário, retomar presença no Legislativo e disputar o Senado com protagonismo.

Nos bastidores, a avaliação é de que a aliança inaugura, oficialmente, um grande bloco político estruturado para a disputa de 2026 no Estado.

Fonte: AF Noticias