Reflexão sobre o PED do PT em Araguaína: quando a memória política falha, a gratidão desaparece
Verônica Cardoso Dias | Artigo de Opinião
As eleições do Processo de Eleições Diretas (PED) do PT em Araguaína deixaram claro algo que já vínhamos observando há algum tempo: a desconexão entre os avanços concretos promovidos pelos governos progressistas do PT e o reconhecimento por parte da própria população beneficiada de Araguaína.
Em Araguaína, centenas de famílias foram contempladas com moradias dignas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, criado e ampliado nos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. São casas que mudaram histórias, ofereceram segurança e tiraram gente da invisibilidade. No entanto, nas eleições internas e no próprio debate político local, o reconhecimento por essas conquistas parece ter desaparecido.
É triste e revoltante ver que moradores dessas casas, muitas vezes por falta de orientação política ou de um trabalho de base mais sólido, foram levados a votar em candidaturas que nada têm a ver com as políticas de moradia que o PT construiu com tanto esforço. Foram orientados, erroneamente, por um radicalismo que usa o PT quando é conveniente, mas na hora do apoio esquece.
Ainda mais preocupante é perceber que mesmo candidaturas ligadas diretamente a Lula, que deveriam ter força em Araguaína, enfrentaram derrotas por conta de acordos desrespeitados e disputas internas marcadas por deslealdade. Enquanto Edinho Silva foi eleito com ampla maioria em vários estados, e o Professor Nile obteve uma votação expressiva como candidato à presidência estadual do PT em praticamente todo o Tocantins, em Araguaína ambos enfrentaram um verdadeiro fiasco. Isso diz muito sobre o distanciamento político que vem se consolidando aqui — onde alianças históricas e trajetórias comprometidas com o partido foram deixadas de lado por interesses locais e incoerências estratégicas.
O que aconteceu em Araguaína não é só um revés eleitoral. É um alerta. Um chamado à reflexão sobre o papel da formação política e da memória popular. Não podemos continuar permitindo que a ingratidão política dite os rumos da nossa cidade. É preciso reconstruir a consciência de classe, reatar o vínculo entre o povo e os projetos que verdadeiramente representam seus interesses.
Araguaína está, infelizmente, na contramão do projeto de Brasil que queremos: justo, solidário e inclusivo. Mas ainda há tempo de reorganizar as forças, retomar o trabalho de base VOTANDO EM NILE NO SEGUNDO TURNO e relembrar ao povo quem realmente esteve — e está — ao seu lado.
Afinal, como bem disse Lula: “O povo não quer favor, quer direito.” E para garantir esses direitos, é preciso saber em quem confiar — e, sobretudo, em quem votar.
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Verônica Cardoso é ex-vereadora e ex-presidente do Diretório do PT de Araguaína.
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Fonte: AF Noticias