Suposto operador de esquema tirava selfies com maços de dinheiro no Tocantins, diz PF

Notícias do Tocantins – Durante as investigações da Operação Fames-19, que apura desvios em contratos para a compra de cestas básicas e frangos congelados pelo Governo do Tocantins durante a pandemia de Covid-19, a Polícia Federal encontrou selfies de um dos suspeitos exibindo maços de dinheiro.

Na imagem aparece Marcus Vinícius Santana, filho de Taciano Darcles, ex-assessor especial do governador afastado Wanderlei Barbosa.

“Outrossim, cumpre recordar que, desde o início das investigações, já constava nos autos a informação de que o pagamento de propinas ao governador do Estado e aos demais agentes envolvidos era realizado em espécie, havendo fotos de operadores com grande quantidade de dinheiro”, afirma trecho da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Wanderlei Barbosa foi um dos alvos da operação da PF, deflagrada nesta quarta-feira (3/9), que resultou em seu afastamento do cargo por seis meses. O governador nega qualquer irregularidade e afirmou que buscará retomar o mandato por meio da Justiça.

De acordo com as apurações, Marcus Vinícius seria uma espécie de operador do esquema, integrando o chamado “núcleo de servidores públicos” do suposto esquema de desvios. Cabia a esse grupo operacionalizar o direcionamento de licitações e, posteriormente, atestar falsamente o recebimento de cestas básicas.

A PF também menciona a produção de uma foto falsa com cestas básicas para tentar escapar da fiscalização sobre um contrato suspeito de corrupção.

Conversas encontradas no celular de um dos investigados, segundo a PF, revelam que, em 2022, integrantes do governo teriam “pegado emprestadas” cestas básicas de uma empresa com o objetivo de enganar a fiscalização.

“Segundo relatado pela autoridade policial, Marcus Vinícius seria o responsável pelas transferências bancárias e saques de valores.” Os montantes, segundo a investigação, eram posteriormente entregues em espécie aos demais envolvidos no suposto esquema.

Defesa

Em nota divulgada após a operação, o governador declarou que recebeu a decisão do STJ com “respeito às instituições”, mas ressaltou que se trata de uma “medida precipitada, adotada quando as apurações da Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre qualquer responsabilidade da minha parte”.

Ele também destacou que o pagamento das cestas básicas ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesas.

Segundo Barbosa, por sua determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditorias sobre os contratos mencionados e encaminharam todas as informações às autoridades competentes.

“Além dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população”, concluiu o governador.

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