Tocantins tem quase 50 casos de pessoas que receberam vacinas contra Covid de fabricantes diferentes
Pelo menos 47 moradores do Tocantins receberam vacinas contra a Covid-19 de fabricantes diferentes na primeira e na segunda dose. A maioria é de casos de pessoas que receberam uma dose de CoronaVac e outra de AstraZeneca, mas há também outras combinações de fabricantes.
Uma das vítimas é o copeiro Adriano Edmilson de Araúja, que é funcionário do Hospital Geral de Palmas. Por trabalhar na unidade, ele foi um dos primeiros a ser vacinado contra a Covid no estado, no dia 9 de abril recebeu a primeira dose.
Na época, o cartão de vacina indicava uma aplicação de AstraZeneca. No dia 8 de julho, quando estava marcada a segunda dose, ele foi até um postinho de saúde da quadra Arno 42. “Pediram minha identidade e eu perguntei: não vai precisar do cartão de vacina? A moça só pegou e colocou na mesa. Enquanto ela tava digitando os dados a outra veio e já aplicou no ombro. Eu relatei que a vacina estava errada, segunda dose. Eu estava tomando a segunda, não era a primeira”, conta ele.
“No decorrer do bate-boca, um chamou a outra, saiu da sala, passou 18 minutos e chegou com esse cartão forjado. Não é o meu cartão”, afirma.
No cartão é possível ver que o local onde foi preenchida novamente a primeira dose não colocaram o número do lote nem a assinatura do responsável pela vacinação. Agora, o documento indica uma aplicação da Pfizer.
Segundo o Datasus, que é o banco de dados do Ministério da Saúde, de 18 de janeiro, início da vacinação no Tocantins, até 8 de abril, quando as segundas doses de AstraZeneca começaram a ser aplicadas, foram registrados pelo menos 47 casos de vacinas trocadas no estado.
A secretaria de saúde do estado disse que nesses casos orienta os municípios a não aplicar doses adicionais de vacinas e monitorar os pacientes que receberam a segunda dose de um imunizante diferente da primeira.
Ainda segundo o Datasus, em todo o Brasil são pelo menos 16 mil casos como esse. A grande maioria é de quem tomou a primeira dose de CoronaVac e a segunda dose de AstraZeneca. A orientação do Ministério da Saúde é que essas pessoas sejam acompanhadas pelos municípios por pelo menos 30 dias. A médica epidemiologista Carla Domingues explica que nesses casos não existe risco pra saúde.
“Não há risco para a saúde das pessoas em misturar as vacinas para a Covid. No entanto ainda é necessário consolidar os estudos que estão em andamento para verificar qual será o real benefício em se usar vacinas diferentes em uma mesma pessoa”.
O Adriano reclama de não ter conseguido contato ou respostas da Secretaria Municipal de Saúde de Palmas sobre a situação. A Semus afirma que está monitorando todos os casos do tipo na cidade, mas ele nega ter recebido qualquer contato da pasta.
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Novo cartão não tem indicação do lote ou assinatura do responsável pela suposta dose — Foto: Reprodução/TV Anhanguera