DestaquePalmas

Wanderlei, filhos, esposa e aliados políticos: saiba quem são os alvos da Operação Nêmesis

 A nova ofensiva da Polícia Federal, deflagrada nesta terça-feira (12), que apura tentativas de obstrução das investigações da Operação Fames-19, teve como alvos familiares e aliados próximos do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos), incluindo filhos e a esposa (veja a lista completa no final da matéria).

As ordens foram expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Palmas e Santa Tereza do Tocantins.

De acordo com a Polícia Federal, há indícios de vazamento de informações sigilosas e ações coordenadas para interferir nas investigações, incluindo remoção de documentos, destruição de provas e tentativas de influenciar testemunhas e servidores públicos. A PF suspeita ainda que os investigados tenham tomado conhecimento prévio de diligências anteriores, o que pode ter permitido a eliminação de evidências.

Entre os novos alvos estão familiares do governador afastado, aliados políticos, parlamentares e ex-secretários estaduais. A lista inclui a primeira-dama Karynne Sotero Campos, os filhos Léo Barbosa (deputado estadual pelo Republicanos) e Rérisson Castro (superintendente do Sebrae Tocantins), além da deputada estadual Cláudia Lelis (PV), o ex-secretário de Parcerias e Investimentos Thomas Jefferson Gonçalves Teixeira e o ex-chefe da Casa Militar, coronel Wander Araújo.

Segundo a Polícia Federal, Wanderlei teria deixado sua residência às pressas na véspera da Operação Fames-19, em setembro, deixando luzes acesas, comida sobre a mesa, um cofre aberto e vazio, além de um celular resetado.

A corporação suspeita que o governador e a primeira-dama tenham sido avisados previamente da ação, o que levou à abertura de nova linha de investigação sobre possível tentativa de obstrução das investigações. Policiais que faziam a segurança do governador apresentaram versões contraditórias sobre o paradeiro do casal, que foi encontrado horas depois em uma fazenda em Aparecida do Rio Negro.

De acordo com a decisão do ministro Mauro Campbell Marques, do STJ, o advogado Thomas Jefferson Gonçalves Teixeira aparece como peça-chave no suposto vazamento que teria alertado o governador sobre o cumprimento dos mandados da Fames-19.

O documento aponta que o advogado, sócio de Rérisson Castro, filho de Wanderlei, teria visitado a residência do casal em Palmas na noite de 2 de setembro, às 23h07, poucas horas antes da deflagração da operação.

Câmeras de segurança registraram o advogado chegando ao local e permanecendo por cerca de sete minutos, tempo que, segundo a PF, seria suficiente para “transmitir uma mensagem presencial”. Logo após a visita, as imagens mostram Wanderlei, Karynne e a filha deixando o imóvel às pressas. Pouco tempo depois, o celular do governador foi rastreado a caminho da Fazenda Santa Helena, onde ele acabou sendo localizado pelos agentes federais.

Ainda conforme a PF, Thomas Jefferson teria, na mesma madrugada, ido ao condomínio onde mora Léo Barbosa e depois se deslocado para conversar com Rérisson, o que reforça a suspeita de que ele tenha atuado como mensageiro do vazamento.

A Operação Nêmesis busca esclarecer se houve remoção de documentos, equipamentos eletrônicos e dinheiro com o objetivo de frustrar as investigações sobre o desvio de recursos públicos destinados ao enfrentamento da Covid-19 e à compra de cestas básicas com emendas parlamentares.

Durante as buscas desta terça-feira, os agentes apreenderam documentos e aparelhos eletrônicos em propriedades da família Barbosa, especialmente em Santa Tereza do Tocantins. O ministro também autorizou a apreensão de um veículo Toyota/Hilux SW4, placa RBX-9D38, usado pelo governador, pois a central multimídia do automóvel é capaz de registrar dados de georreferenciamento e pode contribuir para o avanço das investigações.

A deflagração da nova fase ocorre em meio à expectativa de aliados de Wanderlei Barbosa, que vinham manifestando otimismo nas redes sociais quanto a um possível retorno do governador ao cargo, embora o habeas corpus que poderia reverter seu afastamento ainda não tenha sido incluído na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF).

Leia também:

Em nota, a defesa do governador afastado afirmou que ele recebeu a nova operação “com surpresa e serenidade” e mantém “confiança na Justiça e disposição para colaborar com as autoridades”.

Deputada Cláudia Lelis, o ex-secretário de Parcerias Thomas Jefferson e ex-chefe da Casa Militar, cel Wander

LISTA DOS ALVOS DE BUSCA E APREENSÃO

  • Wanderlei Barbosa – governador afastado

  • Karynne Sotero Campos – primeira-dama afastada

  • Yhgor Leonardo Castro Leite – deputado estadual e filho de Wanderlei

  • Rérison Antônio Castro Leite – superintendente do Sebrae-TO e filho de Wanderlei

  • Thomas Jefferson Gonçalves Teixeira – ex-secretário da Tocantins Parcerias

  • Marcos Martins Camilo – ex-chefe de gabinete de Wanderlei

  • Wander Araújo Vieira – ex-secretário-chefe da Casa Militar

  • Rogério França Borges

  • Lucas Ferreira Maciel

  • Alan Rickson Andrade de Araújo – ex-servidor da Tocantins Parcerias

  • William Nunes de Souza

  • Ruivaldo Aires Fontoura – ex-presidente do Itertins

  • Mauro Henrique da Silva Xavier Rodrigues

  • Antoniel Pereira do Nascimento

  • Cláudia Teles de Menezes Pires Martins Lélis – deputada estadual (PV)

  • Irineu Carvalho Amorim

  • Yasmin Sotero Lustosa – filha de Karynne Sotero

  • Joana Darc Sotero Campos – mãe de Karynne Sotero

Mãe e filha da primeira-dama também são investigadas

A Operação Nêmesis também teve como alvos Joana Darc Sotero Campos e Yasmin Sotero Lustosa, mãe e filha da primeira-dama Karynne Sotero, respectivamente. Segundo a defesa, as duas foram surpreendidas pela presença da Polícia Federal nas primeiras horas da manhã.

Em nota, Karynne lamentou o episódio e disse que sua mãe, de mais de 75 anos, “passou mal e precisou ser hospitalizada” durante a operação.

Fase anterior da operação

Deflagrada em agosto de 2025, a Operação Fames-19 investiga desvios de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia. Segundo a Polícia Federal, parte dos valores teria sido utilizada na construção de uma pousada de luxo ligada à família Barbosa.

As investigações apontam suspeitas de peculato, corrupção passiva, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

Afastamento

O governador Wanderlei Barbosa e a primeira-dama Karynne Sotero foram afastados dos cargos em 3 de setembro de 2025. Desde então, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu o comando do Executivo estadual. Wanderlei nega as irregularidades e afirma ser alvo de perseguição política.

O que dizem os citados?

Wanderlei Barbosa

“O Governador Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal ao mesmo tempo que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo. Ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições.”

Karynne Sotero

“A primeira-dama Karynne Sotero repele as acusações infundadas de tentativa de embaraço às investigações feitas de forma anônima à Justiça. Também lamenta a tentativa de intimidação contra seus familiares, inclusive a sua mãe, uma senhora de mais de 75 anos que acabou passando mal e tendo que ser hospitalizada. Por fim, reitera a sua inteira disposição de colaborar com a Justiça para o esclarecimento dos fatos.”

Thomas Jefferson

“O advogado e ex-secretário de Participações e Investimentos Thomas Jefferson comunica que nunca trabalhou para causar qualquer embaraço às investigações. Sua atuação junto ao governador Wanderlei Barbosa se deu na condição de secretário de Estado, sendo absurdas as tentativas de criminalizar a sua atividade laboral.”

Rérison Castro

“O advogado Rérison Castro lamenta profundamente as acusações infundadas feitas contra ele. Informa ainda que colabora com as investigações, que vão demonstrar a sua inocência no transcorrer do processo.”

Fonte: AF Noticias