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Rússia terá capacidade para grande guerra em um ano, alerta inteligência militar

A Rússia está reconstruindo suas forças militares a um ritmo alarmante, com capacidade para iniciar um conflito de grande escala em apenas um ano após o fim da guerra na Ucrânia. Essa é a avaliação da Inteligência Militar dos Países Baixos, que levanta preocupações sobre as intenções de Moscou e suas implicações para a segurança global. Mas o que isso significa para a OTAN e para o equilíbrio de poder na Europa?

Conheça os alertas recentes, os números por trás do aumento militar russo e o que os países ocidentais estão fazendo para responder.

Reconstrução militar russa: uma ameaça iminente?

Segundo o vice-almirante Peter Reesink, diretor da Agência de Inteligência Militar dos Países Baixos, a Rússia está produzindo mais artilharia do que necessita para o conflito na Ucrânia, com apoio de países aliados. “Isso é um indício de que eles estão desenvolvendo capacidade”, afirmou Reesink em entrevista ao Politico. Ele estima que, após o término da guerra na Ucrânia, Moscou poderá recompor seus estoques militares em apenas um ano, um prazo muito mais curto do que o esperado por analistas ocidentais.

Além disso, a Rússia está reposicionando novas unidades de artilharia próximo às fronteiras orientais da OTAN, incluindo regiões próximas aos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e à Finlândia, que aderiu à OTAN em 2023. Esse movimento sugere uma preparação estratégica para um possível confronto com a aliança militar ocidental.

Pergunta para reflexão: Estaria a Rússia apenas fortalecendo sua defesa, ou esses movimentos indicam intenções mais agressivas?

Gastos recordes com defesa: o que os números revelam

Os investimentos militares da Rússia atingiram níveis sem precedentes. De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI), o país gastou US$ 149 bilhões em defesa em 2024, o equivalente a 7,1% de seu PIB. Esse valor representa um aumento de 38% em relação a 2023 e é o dobro do registrado em 2015. Mais impressionante ainda, 19% de todos os gastos do governo russo foram direcionados ao setor militar.

Esse crescimento não se limita a finanças. A Rússia planeja expandir seu exército para 1,5 milhão de tropas, e a produção de armas e equipamentos estacionados próximos às fronteiras da OTAN deve aumentar entre 30% e 50%, segundo estimativas da edição russa do jornal BILD.

Esses números levantam uma questão crucial: como a Rússia, mesmo enfrentando sanções econômicas, consegue financiar um aumento tão significativo em sua máquina de guerra? A resposta pode estar em sua capacidade de adaptação industrial e no apoio de parceiros como China, Irã e Coreia do Norte, que fornecem materiais e tecnologia.

Alertas da OTAN: preparativos para um possível conflito

O alerta de Reesink não é isolado. Em fevereiro de 2025, o Serviço de Inteligência de Defesa Dinamarquês já havia advertido que a Rússia poderia estar pronta para uma “guerra de grande escala” na Europa dentro de cinco anos. O relatório dinamarquês destaca que Moscou estaria mais propensa a usar força militar contra países da OTAN se percebesse a aliança como militarmente enfraquecida ou politicamente dividida, especialmente se os Estados Unidos reduzissem seu apoio aos aliados europeus.

Países da OTAN, especialmente aqueles próximos à Rússia, como Polônia, Estônia, Letônia, Lituânia e Finlândia, estão intensificando suas defesas. Essas nações abandonaram tratados que limitavam o uso de minas terrestres e estão construindo fortificações, trincheiras e obstáculos antitank ao longo de suas fronteiras. “Não temos muito tempo”, declarou o ministro da Defesa polonês, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz.

Nos Países Baixos, a resposta inclui um “programa de prontidão aprimorado”, com maior compartilhamento de inteligência entre os membros da OTAN. Reesink destacou que os hábitos de cooperação, especialmente com os Estados Unidos, estão sendo reavaliados para garantir maior eficácia em caso de crise.

Por que isso importa? Implicações para a segurança global

A rápida reconstrução militar da Rússia e sua postura agressiva nas fronteiras da OTAN têm implicações profundas. Primeiro, há o risco de escalada. Exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus, como o Zapad-2025, programado para o outono, podem servir como pretexto para um aumento permanente de tropas na região, como ocorreu antes da invasão da Ucrânia em 2022.

Segundo, a possibilidade de um conflito regional depende da percepção russa sobre a coesão da OTAN. Se Moscou acreditar que a aliança está dividida, como sugeriu o relatório dinamarquês, pode ser tentada a realizar ataques de sondagem, acima ou abaixo do limiar de guerra aberta.

Por fim, a crescente militarização da Rússia força os países europeus a reavaliarem suas próprias capacidades de defesa. A OTAN, que já viu 23 de seus 32 membros atingirem a meta de 2% do PIB em gastos militares em 2024, agora enfrenta pressão para aumentar esse patamar para 3% ou mais, conforme defendido pelo secretário-geral Mark Rutte.

Fonte: AF Noticias