Brasil abre mercado de pescado extrativo na China: oportunidades e impactos
No dia 22 de abril de 2025, o Brasil deu um passo significativo no comércio internacional ao assinar um acordo com a China para exportar pescado extrativo. Mas o que isso significa para o país, para os pescadores e para a economia global? Em meio a uma guerra comercial entre Pequim e Washington, o Brasil está se posicionando como um fornecedor estratégico. Este artigo explora os detalhes do acordo, seus impactos e o que os brasileiros podem esperar.
O que é o pescado extrativo e por que ele importa?
A pesca extrativa envolve a captura de peixes e outros organismos aquáticos diretamente de ambientes naturais, como rios, lagos e oceanos, sem o uso de aquicultura ou criação em cativeiro. No Brasil, essa atividade é uma fonte de renda para milhares de comunidades costeiras e ribeirinhas, além de ser parte essencial da cultura e da economia local.
Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária, a China importou cerca de US$ 18 bilhões em pescados em 2024, tornando-se um dos maiores mercados consumidores do mundo. A abertura desse mercado para o Brasil representa uma oportunidade de diversificar as exportações e fortalecer o setor pesqueiro, que muitas vezes enfrenta desafios como a falta de infraestrutura e barreiras comerciais.
Como o acordo foi alcançado?
As negociações entre Brasil e China começaram em 2016, envolvendo o Ministério da Agricultura e Pecuária e o General Administration of Customs of China (GACC), órgão chinês responsável por questões sanitárias e fitossanitárias. Esse processo exigiu a superação de barreiras técnicas, como a comprovação de que os pescados brasileiros atendem aos rigorosos padrões de qualidade e segurança alimentar exigidos pela China.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que a tensão comercial entre China e Estados Unidos acelerou as negociações. “A disputa entre as duas maiores economias do mundo abriu portas para o Brasil”, afirmou Fávaro, segundo comunicado oficial do ministério. Esse contexto geopolítico posiciona o Brasil como uma alternativa confiável para suprir a demanda chinesa por alimentos.
Impactos econômicos e sociais
Para o setor pesqueiro brasileiro
A exportação de pescado extrativo para a China pode impulsionar a economia de regiões dependentes da pesca, como o Nordeste e o Norte do Brasil. Com o aumento da demanda, espera-se maior investimento em infraestrutura, como portos e unidades de processamento, além de melhorias nas condições de trabalho para os pescadores.
No entanto, é crucial que o governo e o setor privado garantam que os benefícios cheguem às comunidades locais. Como podemos evitar que grandes empresas dominem o mercado, deixando os pequenos pescadores de lado? Essa é uma questão que exige atenção.
No contexto global
A guerra comercial entre Pequim e Washington, marcada por tarifas e sanções, criou um cenário de oportunidades para países como o Brasil. Ao estreitar laços com a China, o Brasil não apenas diversifica seus mercados de exportação, mas também reforça sua posição como um ator relevante no comércio global de alimentos.
Além disso, o acordo pode incentivar outros países a buscar parcerias com o Brasil, especialmente em um momento em que a segurança alimentar é uma prioridade global. Mas quais serão os próximos passos para o Brasil capitalizar essa vantagem?
Desafios e oportunidades
Embora o acordo seja uma conquista, há desafios a enfrentar. A logística de exportação, incluindo transporte e armazenamento, precisa ser aprimorada para garantir que os pescados cheguem à China em condições ideais. Além disso, o Brasil deve manter altos padrões de sustentabilidade na pesca extrativa para evitar críticas internacionais e proteger os ecossistemas aquáticos.
Por outro lado, a abertura do mercado chinês pode atrair investimentos estrangeiros e fomentar a inovação no setor pesqueiro. Por exemplo, tecnologias de rastreamento e certificação podem ser implementadas para garantir que os produtos brasileiros sejam vistos como sustentáveis e de alta qualidade.
O futuro do comércio Brasil-China
O acordo para exportação de pescado extrativo é mais um capítulo na crescente parceria comercial entre Brasil e China. Nos últimos anos, os dois países já expandiram o comércio de produtos como soja, carne bovina e celulose. Com a China buscando alternativas aos fornecedores tradicionais, como os Estados Unidos, o Brasil tem a chance de se consolidar como um parceiro estratégico.
Para os brasileiros, esse momento é uma oportunidade de reflexão: como podemos aproveitar essa abertura de mercado para promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo? A resposta dependerá de políticas públicas, engajamento do setor privado e da participação ativa das comunidades pesqueiras.
Fonte: AF Noticias