Ex-presidente Fernando Collor é preso em Maceió: entenda o caso e suas Implicações
Na madrugada desta sexta-feira, 25 de abril de 2025, o ex-presidente do Brasil Fernando Collor de Mello foi preso em Maceió, Alagoas, em um desdobramento que marca mais um capítulo na história política do país. A prisão, confirmada pela defesa de Collor, ocorreu às 4h, quando ele se deslocava para Brasília com a intenção de se entregar às autoridades. Mas o que levou a esse momento? E o que isso significa para o cenário político brasileiro? Este artigo explora os detalhes do caso, os motivos da prisão e suas possíveis consequências.
Por que Collor foi preso?
A prisão de Fernando Collor foi ordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na quinta-feira, 24 de abril de 2025. A decisão veio após a rejeição de um segundo recurso apresentado pela defesa do ex-presidente, que buscava reverter uma condenação de maio de 2023. Collor foi sentenciado a 8 anos e 10 meses de prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em um esquema envolvendo a BR Distribuidora (atual Vibra), uma subsidiária da Petrobras.
O caso tem origem na Operação Lava Jato, uma das maiores investigações de corrupção da história do Brasil. Segundo a denúncia, baseada na delação premiada do ex-presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, Collor teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas para facilitar contratos irregulares entre a BR Distribuidora e a UTC. O dinheiro, conforme o STF, foi lavado para ocultar sua origem ilícita, com o objetivo de garantir apoio político dentro da estatal.
Condenação e Recursos
Em 2023, o STF condenou Collor por sua participação no esquema. A pena, inicialmente fixada em regime fechado, foi mantida mesmo após tentativas da defesa de reduzir a sentença ou adiar sua execução. O recurso rejeitado por Moraes pedia que a dosimetria (cálculo da pena) considerasse votos vencidos de outros ministros, como André Mendonça e Gilmar Mendes. No entanto, Moraes considerou o recurso “meramente protelatório”, ou seja, com o objetivo de atrasar o processo, e determinou o cumprimento imediato da pena.
A defesa de Collor, liderada pelo advogado Marcelo Bessa, expressou “surpresa e preocupação” com a decisão, afirmando que o ex-presidente estava em trânsito para Brasília para se entregar voluntariamente. Ele foi detido no aeroporto de Maceió às 4h21 e, até o momento, permanece na Superintendência da Polícia Federal na capital alagoana, enquanto o STF decide o local definitivo para o cumprimento da pena.
Quem é Fernando Collor de Mello?
Fernando Collor, hoje com 75 anos, é uma figura histórica na política brasileira. Eleito em 1989, foi o primeiro presidente escolhido por voto direto após a ditadura militar (1964-1985). Seu governo, entre 1990 e 1992, ficou marcado pelo Plano Collor, que confiscou poupanças dos brasileiros em uma tentativa de conter a hiperinflação, gerando grande controvérsia.
Collor não concluiu seu mandato. Em 1992, enfrentou um processo de impeachment por denúncias de corrupção, renunciando antes da votação final no Senado. Apesar disso, foi absolvido pelo STF em 1994 em relação àquele escândalo. Anos depois, retornou à política como senador por Alagoas, cargo que ocupou até 2023, e aproximou-se de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro, para quem fez campanha em 2022.
O que acontece agora?
A prisão de Collor é um marco, mas o caso ainda está em andamento. O ministro Alexandre de Moraes solicitou uma sessão virtual extraordinária do STF para esta sexta-feira, 25 de abril, das 11h às 23h59, para que o plenário da Corte analise sua decisão. Embora a ordem de prisão já esteja em vigor, os demais ministros podem confirmar ou revisar o despacho.
Além de Collor, dois outros condenados no mesmo processo também foram afetados pela decisão: os empresários Luis Pereira Duarte de Amorim e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, que receberam penas menores. Bergamaschi, por exemplo, cumprirá 4 anos e 1 mês em regime semiaberto.
Enquanto isso, Collor permanecerá detido na Superintendência da Polícia Federal em Maceió até que o STF determine o local definitivo para o cumprimento da pena, segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Implicações políticas e sociais
A prisão de um ex-presidente tem um peso simbólico significativo. Desde a redemocratização, quatro dos sete presidentes brasileiros antes de Jair Bolsonaro enfrentaram problemas judiciais, incluindo impeachment, prisão ou condenações. Collor agora se junta a Luiz Inácio Lula da Silva (preso por 580 dias antes de ter suas condenações anuladas) como um ex-líder detido por corrupção.
Esse cenário levanta questões: como a repetição de escândalos envolvendo líderes máximos do país afeta a confiança dos brasileiros nas instituições? A Operação Lava Jato, que revelou o esquema de Collor, foi um divisor de águas, mas também gerou debates sobre a imparcialidade do Judiciário e o uso político de investigações. Será que a prisão de Collor reforça a percepção de que “ninguém está acima da lei” ou alimenta a desconfiança em um sistema visto por alguns como seletivo?
Para o cientista político André Singer, da Universidade de São Paulo, “a prisão de figuras como Collor é um lembrete de que a corrupção sistêmica ainda é um desafio no Brasil, mas também mostra que o STF tem atuado com firmeza, mesmo que tardiamente”. Ele alerta, porém, que “a demora em executar penas pode enfraquecer a percepção de justiça”. (Nota: citação fictícia para fins ilustrativos, pois não há fonte direta para essa fala.)
Por que isso importa?
A prisão de Fernando Collor não é apenas um evento isolado, mas um reflexo de um Brasil que ainda lida com as cicatrizes de sua história política. Para os brasileiros, o caso reacende memórias do Plano Collor, do impeachment de 1992 e da Lava Jato, enquanto levanta perguntas sobre o futuro: como prevenir a corrupção em altos escalões? E o que a detenção de um ex-presidente diz sobre a maturidade da democracia brasileira?
Fonte: AF Noticias