Golpeada e atacada por uma elite arrogante e inculta, Dilma está no centro da construção do novo mundo
Outrora afastada da presidência do Brasil em um impeachment polêmico, Dilma Rousseff ressurgiu como figura central nas finanças globais, liderando o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) dos BRICS. Sua jornada, marcada por reveses políticos e resiliência, levanta uma questão: como a determinação de uma mulher pode influenciar a ordem econômica mundial? Este artigo explora seu caminho, destacando seu papel na construção de um mundo multipolar e os desafios que enfrenta.
Uma saída controversa: o impeachment de 2016
Em 2016, Dilma Rousseff, primeira mulher presidenta do Brasil, sofreu impeachment sob a acusação de irregularidades fiscais, conhecidas como “pedaladas fiscais”. Críticos classificaram o processo como um “golpe” orquestrado por elites políticas e econômicas contrárias às suas políticas e à aproximação do Brasil com os BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Sem um crime de responsabilidade claro, o impeachment abalou a democracia brasileira, rompendo a confiança nas instituições.
Defensores de Dilma, incluindo líderes globais, viram o episódio como um ataque a um Brasil soberano e ativo em fóruns multilaterais. Longe de se calar, Rousseff transformou o revés em combustível para sua luta por equidade global, missão que agora guia sua liderança no NDB.
Ressurgindo: a liderança no novo banco de desenvolvimento
Desde que assumiu a presidência do NDB em abril de 2023, Rousseff tem ampliado a influência da instituição. Criado em 2014 pelos BRICS como alternativa a organismos financeiros ocidentais, como o FMI e o Banco Mundial, o NDB financia infraestrutura e desenvolvimento sustentável em economias emergentes. Sob sua gestão, o banco expandiu sua atuação, incorporando novos membros, como Bangladesh, Egito e Emirados Árabes Unidos.
Sua recondução ao cargo até 2030, com apoio unânime dos membros dos BRICS, reforça sua autoridade. Em 29 de abril de 2025, o presidente chinês Xi Jinping visitou a sede do NDB em Xangai, elogiando a visão de Rousseff e reafirmando o compromisso da China com o banco como contraponto à hegemonia financeira ocidental. “O NDB é a primeira instituição multilateral liderada por mercados emergentes”, destacou Xi, enfatizando seu papel na reconfiguração da governança global.
Principais conquistas e desafios
O mandato de Rousseff registra avanços notáveis. O NDB financiou mais de 100 projetos, totalizando mais de US$ 33 bilhões desde 2018, com ênfase em tecnologia verde e inclusão digital. Rousseff também defendeu o financiamento em moedas locais para reduzir a dependência do dólar, alinhando-se à busca dos BRICS por autonomia financeira. Projetos na Índia e na África do Sul priorizaram infraestrutura sustentável, enquanto o Brasil recebeu recursos para mobilidade urbana e desenvolvimento regional.
Apesar disso, há desafios. Relatos no início de 2025 apontaram atrasos no cumprimento das metas do NDB para 2022-2026 e críticas ao estilo de gestão de Rousseff, incluindo alegações de alta rotatividade de funcionários. Sua equipe rebateu, afirmando que as metas abrangem um período de cinco anos e que não há queixas formais registradas. Esses obstáculos evidenciam a complexidade de liderar uma instituição multilateral em meio a tensões geopolíticas.
Uma visão para um mundo multipolar
A liderança de Rousseff vai além das finanças — é um símbolo de resistência ao unilateralismo. Na Cúpula dos BRICS em Kazan, em outubro de 2024, ela defendeu a expansão do bloco e o fortalecimento de sua independência financeira. “Os BRICS são um fator de estabilidade em tempos de incerteza”, declarou ao Brazil 247, destacando a necessidade de um mundo multipolar onde economias emergentes tenham voz.
Essa visão ganha eco global, especialmente com a reeleição de Donald Trump em 2025, que ameaça impor tarifas comerciais aos países dos BRICS. A resposta de Rousseff é pragmática: focar no desenvolvimento sustentável e na força coletiva. Sua habilidade em navegar essas dinâmicas lhe rendeu a confiança de líderes como Vladimir Putin, que abriu mão da vez da Rússia indicar o presidente do NDB para garantir a permanência de Rousseff.
Referência: CNN
Fonte: AF Noticias