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Internado para cirurgia, Bolsonaro diz que ‘golpe de Estado é uma brincadeira’

Internado no Hospital DF Star, em Brasília, para uma cirurgia intestinal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concedeu uma entrevista exclusiva ao SBT Brasil, sua primeira manifestação pública desde o procedimento. Em um tom combativo, Bolsonaro rebateu as acusações que o ligam aos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, desafiou a narrativa de seus opositores e reforçou sua posição como figura central da direita brasileira. O que ele disse, e o que isso significa para o cenário político atual? Confira as principais declarações e suas implicações.

A internação e as polêmicas de Bolsonaro

Bolsonaro foi internado em Brasília para tratar complicações relacionadas a uma obstrução intestinal, uma condição recorrente desde o atentado que sofreu em 2018. A cirurgia, realizada no hospital DF Star, ocorreu em meio a um momento delicado: o ex-presidente enfrenta investigações sobre sua suposta participação nos eventos de 8 de janeiro, quando apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Apesar de inelegível até 2030, Bolsonaro segue como uma figura polarizadora, com forte influência entre seus eleitores.

O que aconteceu em 8 de janeiro?

Em 8 de janeiro de 2023, menos de uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, milhares de manifestantes bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os atos, que resultaram em destruição de patrimônio público, foram associados por autoridades a uma tentativa de desestabilizar o governo. Investigações apontam para a possível existência de planos, como a chamada “minuta do golpe”, que teria sido discutida por aliados de Bolsonaro. O ex-presidente, no entanto, nega qualquer envolvimento.

As declarações de Bolsonaro: principais pontos

Na entrevista ao SBT Brasil, Bolsonaro abordou diretamente as acusações, oferecendo sua versão dos fatos. Abaixo, destacamos suas principais falas e o que elas revelam:

“Golpe de estado é uma brincadeira”

Com tom de indignação, Bolsonaro classificou as acusações de tentativa de golpe como absurdas: “Golpe de Estado é uma brincadeira”, afirmou. Ele argumentou que um golpe requer liderança, tropas e armas, elementos que, segundo ele, não estavam presentes em 8 de janeiro. “Golpe de Estado sem liderança, sem tropa, sem armas, num domingo… não tem cabimento”, completou. Essa retórica busca desqualificar as investigações e reforçar a narrativa de que os eventos foram espontâneos, não orquestrados.

“Como é que eu posso deteriorar um patrimônio se eu estava fora do Brasil?”

Bolsonaro destacou que estava nos Estados Unidos durante os atos de 8 de janeiro, sugerindo que sua ausência física no Brasil o isenta de responsabilidade. “Como é que eu posso deteriorar um patrimônio se eu estava fora do Brasil?”, questionou. Essa afirmação, no entanto, não aborda diretamente as investigações sobre possíveis articulações prévias envolvendo aliados próximos.

Sobre a minuta do golpe: “Nós conversamos dispositivos constitucionais”

Questionado sobre a chamada “minuta do golpe” — um documento que, segundo investigações, detalhava um plano para anular o resultado das eleições de 2022 —, Bolsonaro minimizou: “Nós conversamos dispositivos constitucionais”. Ele não negou discussões sobre medidas legais ou constitucionais, mas evitou detalhes, deixando margem para interpretações sobre o que essas conversas envolveram.

“Plano punhal verde e amarelo”: desconhecimento total

Sobre o suposto “plano punhal verde e amarelo”, que teria sido discutido por aliados como uma estratégia para manter Bolsonaro no poder, o ex-presidente foi categórico: “Da minha parte, isso nunca passou pela minha frente”. Essa negativa reforça sua tentativa de se distanciar de qualquer conspiração.

Confiança na popularidade: “A maioria da população não quer outro nome”

Mesmo inelegível, Bolsonaro demonstrou otimismo sobre seu capital político: “A maioria da população não quer outro nome da direita que não seja Jair Messias Bolsonaro e ponto final”. Essa fala reflete sua estratégia de manter relevância, apostando na polarização e no apoio de sua base para influenciar o cenário político futuro.

O que as declarações significam?

As falas de Bolsonaro na entrevista têm objetivos claros: deslegitimar as acusações, fortalecer sua base de apoio e manter sua relevância política. Ao chamar as acusações de “brincadeira”, ele busca ridicularizar as investigações, apelando ao senso comum de seus eleitores. A ênfase em sua ausência no Brasil durante os atos de 8 de janeiro é uma tentativa de se desvincular diretamente dos eventos, embora as investigações foquem mais em articulações prévias do que na presença física.

A menção a “dispositivos constitucionais” é ambígua e pode ser interpretada de duas formas: para seus apoiadores, sugere que qualquer discussão foi legítima e dentro da lei; para críticos, pode indicar uma tentativa de justificar ações que ultrapassaram os limites constitucionais. A negativa sobre o “plano punhal verde e amarelo” reforça a estratégia de se posicionar como alheio a planos mais radicais, mas não esclarece o envolvimento de aliados próximos.

Implicações políticas

Bolsonaro segue como uma figura central na direita brasileira, mesmo fora do poder. Sua capacidade de mobilizar apoiadores e polarizar o debate político continua intacta, como demonstra a confiança expressa na entrevista. No entanto, as investigações sobre 8 de janeiro e a inelegibilidade representam desafios significativos. Para o futuro, suas declarações sugerem que ele buscará manter influência indireta, seja apoiando candidatos alinhados ou moldando a narrativa da oposição.

Referência: PaiPee

Fonte: AF Noticias