Tripla terapia inalatória para DPOC: a revolução no tratamento chega ao Brasil
Tripla terapia inalatória é o termo que está transformando a vida de milhões de brasileiros que convivem com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Em fevereiro de 2025, o Brasil recebeu uma nova opção de tratamento desenvolvida pela biofarmacêutica AstraZeneca, que combina três medicamentos em uma única bombinha e promete reduzir em até 52% os episódios de exacerbação moderada ou grave da doença, em comparação com terapias anteriores, como a dupla broncodilatadora. Mas o que isso significa na prática? Para quem vive com DPOC, pode ser a diferença entre uma crise respiratória grave e uma respiração mais tranquila no dia a dia. Vamos explorar como essa novidade funciona, por que ela é tão importante e o que você precisa saber sobre essa condição que afeta 14 milhões de pessoas no país.
O que é DPOC e por que ela preocupa?
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC, é uma condição séria que vai piorando com o tempo. Ela estreita as vias aéreas dos pulmões, dificultando a respiração, e pode se manifestar como enfisema pulmonar, bronquite crônica ou uma combinação das duas. Os sinais mais comuns são aquela tosse que não vai embora, o aumento de muco e a falta de ar que aparece até nas tarefas mais simples, como subir uma escada. No mundo, ela é a terceira maior causa de morte, e no Brasil não é diferente: estima-se que 14 milhões de pessoas tenham a doença, mas apenas 34% sabem disso. Sem diagnóstico ou tratamento, as crises – chamadas de exacerbações – podem virar um pesadelo, trazendo riscos de internações e até complicações mais graves.
Quem é o principal vilão?
O tabagismo é o principal vilão por trás da DPOC, mas ela também pode atingir quem nunca fumou. E aqui vai um dado que faz a gente parar para pensar: quem tem DPOC tem mais chances de enfrentar problemas no coração, como insuficiência cardíaca ou infarto. “Quando eu comparo um indivíduo que tem doença pulmonar obstrutiva crônica com alguém da mesma idade, mas que não tem essa doença, esse indivíduo vai ter mais cardiopatias [doenças cardíacas], como insuficiência cardíaca, infarto, arritmia, entre outros”, explica José Eduardo Cançado, professor de Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em entrevista à CNN. Isso acontece porque a dificuldade para respirar pressiona o coração e a inflamação das vias aéreas pode se espalhar para os vasos sanguíneos, aumentando riscos como derrames, especialmente em fumantes.
Como funciona a nova tripla terapia inalatória?
A tripla terapia inalatória reúne três medicamentos em uma única bombinha: o fumarato de formoterol (um broncodilatador que abre as vias aéreas rapidamente), o brometo de glicopirrônio (outro broncodilatador que age por mais tempo) e a budesonida (um corticoide que reduz a inflamação). Juntos, eles atacam os principais problemas da DPOC: o estreitamento dos pulmões e a inflamação que piora tudo. “A triplo terapia é como chamamos, hoje, um tratamento que combina três medicações diferentes que, de preferência, devem ser usadas na mesma bombinha”, diz Cançado. Ela é recomendada para quem já usa dois broncodilatadores, mas ainda enfrenta crises, mesmo seguindo direitinho as orientações, como parar de fumar e manter as vacinas em dia.
O grande diferencial dessa nova opção é a tecnologia que distribui os remédios de forma uniforme pelos pulmões. As partículas finas alcançam tanto as áreas centrais quanto as mais afastadas, sem ficar presas na garganta – o que diminui o desconforto e aumenta a eficácia. Resultado? Uma redução de 20% nas internações por DPOC e de 49% na mortalidade por todas as causas, comparada à dupla terapia broncodilatadora. Além disso, o tempo até a primeira crise grave também aumenta, dando mais segurança e qualidade de vida ao paciente.
Benefícios da tripla terapia para o dia a dia
Imagine acordar sem aquela sensação de peso no peito ou conseguir fazer uma caminhada sem perder o fôlego. Esse é o foco principal dessa nova tripla terapia: melhorar a vida de quem enfrenta a DPOC. Estudos como o KRONOS e o ETHOS, que serviram de base para a aprovação do tratamento, mostraram que ele não só reduz as crises em 52%, mas também é seguro e bem tolerado. “A chegada de uma nova tripla terapia inalatória, que reduz significativamente as exacerbações, contribui consideravelmente para o melhor controle da doença e da redução da mortalidade”, destaca Cançado. Para a AstraZeneca, é um passo na direção de um cuidado mais completo. “Estamos confiantes de que a chegada da nova tripla terapia no Brasil contribuirá na redução deste impacto causado pela DPOC”, afirma Karina Fontão, diretora médica executiva da empresa no Brasil.
Por que o diagnóstico precoce faz diferença?
Aqui vai uma pergunta para refletir: e se mais pessoas soubessem que têm DPOC antes de chegar a uma crise grave? Como só 34% dos brasileiros com a doença foram diagnosticados, muitos só descobrem o problema quando ele já está avançado. Isso é preocupante, porque o tratamento certo – como a tripla terapia inalatória – pode mudar o rumo da história. Então, se você ou alguém próximo tem tosse persistente ou falta de ar, vale a pena procurar um médico. Será que esses sintomas são só um “costume” ou o sinal de algo maior? O foco na prevenção e no diagnóstico precoce pode salvar vidas.
Um futuro com mais ar nos pulmões
A chegada da tripla terapia inalatória em fevereiro de 2025 marca um avanço enorme no combate à DPOC no Brasil. Ela não é só uma bombinha nova – é uma esperança de menos internações, menos crises e mais dias bem vividos. Combinando ciência avançada e o foco em melhorar a qualidade de vida, esse tratamento mostra que é possível respirar melhor, mesmo com uma doença tão desafiadora. Se você convive com DPOC ou conhece alguém que enfrenta essa batalha, converse com um pneumologista sobre essa novidade. Afinal, cada inspiração conta.
Fonte: AF Noticias