Virginia Giuffre: quem era a advogada que acusou príncipe e bilionário por abusos sexuais
Virginia Giuffre foi uma figura central em um dos casos de abuso sexual mais notórios do mundo, envolvendo o bilionário Jeffrey Epstein e o príncipe Andrew, da realeza britânica. Conhecida por sua coragem ao expor crimes de tráfico e abuso sexual, Giuffre faleceu aos 41 anos, em abril de 2025, na Austrália, onde vivia. Sua trajetória é marcada por resiliência, luta por justiça e um impacto duradouro na defesa de vítimas de exploração sexual.
Saiba quem foi Virginia Giuffre, suas acusações contra figuras poderosas e o legado que deixou.
Infância marcada por abusos
Nascida em 1983, na Califórnia, Estados Unidos, Virginia Roberts Giuffre teve uma infância difícil. Aos 7 anos, sofreu abuso sexual por um amigo da família, o que ela descreveu como o roubo de sua infância. Durante a adolescência, enfrentou instabilidade, passando por lares adotivos e vivendo nas ruas, onde sofreu mais abusos. Aos 14 anos, trabalhava em um resort em Mar-a-Lago, propriedade de Donald Trump, quando foi abordada por Ghislaine Maxwell, que a recrutou sob o pretexto de oferecer um emprego como massoterapeuta.
Recrutamento por Epstein e Maxwell
Em 2000, aos 16 anos, Giuffre foi introduzida ao mundo de Jeffrey Epstein, um financista americano acusado de operar uma rede de tráfico sexual de menores. Maxwell, então parceira de Epstein, a atraiu com promessas de uma carreira, mas Giuffre logo foi forçada a participar de atos sexuais com Epstein e outros indivíduos influentes. Entre 2000 e 2002, ela alegou ter sido traficada para diversos homens poderosos, incluindo o príncipe Andrew, quando ainda era menor de idade.
Acusações contra o príncipe Andrew
Um dos momentos mais emblemáticos da luta de Giuffre foi sua acusação contra o príncipe Andrew, irmão do rei Charles III. Em 2001, aos 17 anos, ela afirmou ter sido forçada a ter relações sexuais com o príncipe em três ocasiões: em Londres, na casa de Maxwell; em Nova York, na mansão de Epstein; e na ilha privada de Epstein, Little St. James. Uma fotografia amplamente divulgada, tirada em Londres, mostra o príncipe com o braço ao redor de Giuffre, com Maxwell ao fundo, corroborando suas alegações.
Em 2021, Giuffre abriu um processo civil contra Andrew, exigindo reparação pelos abusos. Embora o príncipe negasse veementemente as acusações, ele chegou a um acordo extrajudicial em 2022, pagando uma indenização de valor não revelado e comprometendo-se a apoiar organizações de defesa de vítimas de abuso. O caso resultou na perda de seus títulos militares e no afastamento de funções públicas.
Luta contra Epstein e Maxwell
Giuffre foi uma das primeiras vítimas a buscar justiça contra Epstein, contribuindo para a investigação que levou à sua prisão em 2019. Suas denúncias também foram fundamentais na condenação de Ghislaine Maxwell, em 2021, por tráfico sexual de menores. Epstein, preso por acusações de exploração sexual, foi encontrado morto em sua cela em agosto de 2019, em um caso classificado como suicídio.
Além de processar Epstein e Maxwell, Giuffre moveu ações contra outras figuras associadas ao caso, como o advogado Alan Dershowitz, embora tenha retirado a queixa posteriormente, admitindo um possível erro na identificação.
Impacto e legado
Virginia Giuffre tornou-se um símbolo de resistência para sobreviventes de abuso sexual. Sua coragem ao enfrentar homens poderosos inspirou outras vítimas a denunciarem crimes semelhantes. Ela fundou organizações de apoio a sobreviventes e usou sua voz para aumentar a conscientização sobre o tráfico sexual. Sua advogada, Sigrid McCawley, destacou que Giuffre foi um “farol” para outras vítimas, iluminando o caminho para a justiça.
Últimos anos e tragédia
Nos últimos anos, Giuffre vivia na Austrália com o marido, Robert, e seus três filhos, Christian, Noah e Emily. Em março de 2025, ela sofreu um grave acidente de carro, colidindo com um ônibus escolar, o que resultou em insuficiência renal e uma internação prolongada. Em uma postagem no Instagram, ela expressou o desejo de ver seus filhos uma última vez, indicando a gravidade de seu estado.
Em 24 de abril de 2025, Giuffre faleceu em sua fazenda na Austrália. Sua família confirmou que a causa da morte foi suicídio, atribuindo a tragédia ao peso insuportável dos abusos que ela sofreu ao longo da vida. Em um comunicado, seus familiares a descreveram como uma “guerreira feroz” cuja luz continuará a inspirar outros.
Se você ou alguém que conhece precisa de apoio, entre em contato com serviços de ajuda, como o CVV (Centro de Valorização da Vida) no Brasil, pelo telefone 188, ou outras linhas de apoio em sua região.
Fonte: AF Noticias